miércoles, 18 de junio de 2014

Llansol:"o próximo grande mito literário da literatura portuguesa"

Poucos, ou talvez ninguém, conheça esta figura literária. Ela é Maria Gabriela Llansol, quem enunciou a frase, título dessa postagem, foi Eduardo Lourenço, ele a considera como um novo mito da literatura lusa, depois de Fernando Pessoa. Massaud Moiséis em seu clássico livro sobre Literatura Portuguesa, edição 36ª, já menciona esse nome como ilustre representante da literatura contemporânea.. A escritura llansoliana é caracterizada pelo fragmentarismo aos extremos, tão comum na escrita contemporânea. Em próximas postagens irei mencioná-la com mais frequência, pois ela é de suprema importância para os estudos dos alunos da faculdade de Letras.
Há quem não saiba, mas existe muitos trabalhos de pós-graduação feitos usando o corpus de sua escrita misteriosa.

martes, 17 de junio de 2014

A poesia no Neorrealismo português: primeiras manifestações e Novo Cancioneiro

      Compartilhamento da tese de  João Laranjeira Henriques, estudioso e pesquisador que deixou este legado em uma tese muito bem construída e estruturada. O título da tese é A poesia no Neorrealismo português: primeiras manifestações e Novo Cancioneiro.

Bons estudos!!!

http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/3789/1/ulsd060903_td_Joao_Henriques.pdf


domingo, 16 de marzo de 2014

Fernando Namora: Um audiovisual sobre o romancista português, escritor de Terra

Documentário sobre o Romancista Fernando Namora com locução do ator Curado Ribeiro e realização de Manuel Guimarães.
http://www.youtube.com/watch?v=GoahOy1Olfo

domingo, 2 de marzo de 2014

Contexto histórico: PORTUGAL NO SÉCULO XX


Depois de mais de quarenta anos de ditadura, os portugueses finalmente saíam ás ruas para comemorar o fim do Estado Novo anticomunista, criado por Salazar com a Constituição de 1933 e fundado no corporativismo, no nacionalismo e no cristianismo. 

       O país continuava apresentando grande atraso em relação a outros países europeus, o que causava forte instabilidade política. A condição da metrópole, com diversas colônias na África, havia se tornado uma fonte de problemas financeiros quase insolúveis, mas as classes dominantes não aceitavam a extinção do regime colonial. 

       Na década de 1930 consolidou-se em Portugal um regime autoritário, sob o comando de Antônio Oliveira Salazar. O Estado Novo, instituído pela nova Constituição, promulgada por Salazar em 1933, esfacelou as forças democráticas, criou a censura e mergulhou o país em um clima de violenta repreensão Simpatizante do nazifascismo, Salazar apoiou o general Franco na Guerra Civil Espanhola e manteve a neutralidade do país durante a Segunda Guerra Mundial.

          Com o afastamento de Salazar do conselho dos Ministros, em 1968, e sua morte, em 1970, o regime ditatorial começou a perder terreno, sendo finalmente derrubado, em 25 de abril de 1974, por setores mais progressistas do Exército, que desencadearam o movimento conhecido como Revolução dos Cravos. A partir de então, emanciparam-se praticamente todas as colônias, os prisioneiros políticos obtiveram anistia e estabeleceu-se no país um governo democrático, que tem se mantido sem maiores turbulências.




PEREIRA, Helena Bonito. Literatura: toda a literatura portuguesa e brasileira: volume único / Helena Bonito Pereira. - São Paulo: FTD, 2000. 






A grande vitalidade da literatura lusa no decorrer do século XX

A literatura portuguesa demonstra atualmente grande vitalidade. No decorrer do século XX, a sucessão dos movimentos literários em Portugal não foi muito diferente da que se verificou no Brasil. As propostas das vanguardas europeias atingiram os dois países, desencadeando a renovação da linguagem artística e literária. Após a primeira onda modernista, também em Portugal houve um período de reflexão sobre as desigualdades socioeconômicas. Posteriormente, a partir dos anos 50, lá também a literatura passou a privilegiar a experimentação  e as inovações formais,que culminariam com o texto inconfundível do maior nome da literatura portuguesa contemporânea, José Saramago.  

José Saramago: um ícone contemporâneo

            Dizem que o reino anda mal governado, que nele está de menos a justiça,e não reparam que ela está como deve estar, com sua venda nos olhos, sua balança e sua espada, que mais queríamos nós, era o que faltava, sermos os tecelões da faixa, os aferidores dos pesos e os alfagemes do cutelo, constantemente remendando os buracos, restituindo as quebras, amolando os fios, e enfim perguntando ao justiçado se vai contente com a justiça que se lhe faz, ganhado ou perdido o pleito. Dos julgamentos do Santo Ofício não se fala aqui, que esse tem bem abertos os olhos, em vez de balança um ramo de oliveira, e uma espada afiada onde a outra é romba e bocas. Há quem julgue que o raminho é oferta de paz, quando está muito patente que se trata do primeiro graveto da futura pilha  de lenha, ou te corto, u te queimo, por isso é que, havendo que faltar à lei, mais vale apunhalar a mulher, por suspeita de infidelidade, que não honrar os fiéis defuntos, a questão é ter padrinhos que desculpem o homicídio e mil cruzados  para pôr na balança, nem é para outra coisa que a justiça a leva na mão. Castiguem-se lá os negros e os vilões para que não se perca o valor do exemplo, mas honre-se a gente de bem e de bens, não lhe exigindo que pague as dívidas contraídas, que renuncie à vingança, que emende o ódio e, correndo os pleitos, por não se poderem  evitar de todo, venham a rabulice, a trapaça, a apelação, a praxe, os ambages, para que vença tarde quem por justa justiça deveria vencer cedo, para quem tarde perca quem deveria perder logo.


VOCABULÁRIO:
alfagemes: barbeiros que também afiavam armas brancas, facas, espadas etc.;
Santo Ofício: tribunal da Inquisição
romba(adj.): sem ponta (refere-se á espada)
pleito: litígio, debate, confronto;
rabulice: trapaça de falsos advogados;
ambages: rodeios, evasivas, maneiras de desconversar; 


José Saramago. Memorial do convento. São Paulo, Círculo do Livro, 1987. In: PEREIRA, Helena Bonito. Literatura: toda a literatura portuguesa e brasileira: volume único / Helena Bonito Pereira. - São Paulo: FTD, 2000.

À primeira vista, você poderia pensar que se trata de um texto antigo, talvez barroco, clássico, com vocabulário de outra época, narrando fatos passados em um reino distante. Mas é algo muito diferente disso: o fragmento que você leu foi extraído do romance Memorial do Convento, obra de um autor contemporâneo, que, na verdade, aborda com extrema ironia a sociedade portuguesa de outros tempos.

José Saramago, primeiro escritor em língua portuguesa a ser contemplado com o Prêmio Nobel de Literatura(1998), está tornando-se o mais conhecido escritor português no Brasil e do mundo.

viernes, 28 de febrero de 2014

Como tudo começou...Neorrealismo português

O Neorrealismo Português
Em plena vigência do movimento presencista começam a surgir as primeiras reações contrárias, motivadas pelo repúdio ao caráter estético e pela descoberta da ficção norte-americana e brasileira dos anos 30, de fisionomia sócio-realista.  No exame das manifestações precursoras do Neorrealismo, há que levar em conta o fato de que Ferreira de Castro vinha construindo, desde 1928, uma ficção bastante parecida com aquela que os neorrealistas objetivavam. Entretanto, a obra que se considera introdutora da nova tendência é Gaibéus, de Alves Redol, publicada em 1940. Nesse romance em que os flagrantes das infiltrações insinuativas do lirismo realista dum Jorge Amado, retrata-se o drama anônimo mais comovente de gaibéus, modestros trabalhadores do campo do Ribantejo. O desejo é fazer uma literatura sem herois pré-fabricados, esteriotipados.  

Moiséis, Massaud. A literatura portuguesa / Massaud Moiséis; São Paulo: Cultrix, 2008. (Fragmentos)